No último dia 08 de junho, o
Laboratório de História Oral e Imagem
(LABHOI) do Departamento de História
da Universidade Federal Fluminense (UFF) recebeu Adilson Almeida -
presidente da Associação
Cultural Quilombo do Camorim (ACUQCA), para a realização de uma entrevista
sobre a história da comunidade e sua inserção no movimento quilombola.
Foto: Nathália Sarro - 08 de junho de 2017
A atividade faz parte de uma
das etapas do meu projeto de pós-doutorado financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de
Janeiro (FAPERJ). Um dos objetivos é montar um acervo de entrevistas
realizadas com lideranças quilombolas do estado do Rio de Janeiro. Atualmente
temos: 36 comunidades remanescentes de quilombo certificadas pela Fundação Cultural Palmares, 7
comunidades aguardando análise técnica do processo, 1 comunidade aguardando
visita técnica da instituição e mais 6 que foram identificadas, mas que nunca
abriram processo pedindo a certificação. Ou seja, um total de 50 quilombos!
Adilson foi acompanhado de
Adriana Lopes, secretária da ACUQCA. A entrevista durou aproximadamente 2h e
meia e contou com a colaboração de Raquel Terto e Nathália Sarro (ambas do
LABHOI) para filmagem e som. Ele nos contou sobre sua infância no Camorim ao
lado de sua avó, falou sobre a Capela
de São Gonçalo do Amarante – construída no século XVII e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN) em 1965, lembramos do ano de 2005 – quando ele
buscava informações em KOINONIA sobre
como certificar um território quilombola e destacou a magia e o encanto do
Parque Estadual da Pedra Branca – Decreto
2377 de 28 de junho de 1974, uma das maiores florestas urbanas do mundo.
Sobre a titulação do
território através do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Adilson nos contou que solicitou a
abertura do processo em 2004. Em junho de 2013, a área foi certificada pela
Fundação Cultural Palmares como remanescente de quilombo (processo:
01420.007233/2013-88). Porém, apesar da certificação – necessária para a
titulação do território já que trata da autodeclaração da comunidade, ainda em
2013 a comunidade recebeu uma carta do INCRA informando que a área reivindicada
não correspondia a um território quilombola e o processo foi arquivado.
Logo em seguida, também no
ano de 2013, uma construtora (Cyrela) comprou o mesmo território e deu início as obras do Barra Media Village 3 (Vila da Mídia
3), local onde os jornalistas do mundo inteiro ficaram hospedados na
ocasião dos Jogos
Olímpicos Rio 2016. Diante da mobilização da comunidade, a construtora doou
uma parte do terreno para a Prefeitura, é essa área – onde existe um cemitério
de escravos, que os quilombolas buscam titular e construir uma sede para a
associação. Para isso é necessário a reabertura do processo no INCRA.
Atualmente, a arqueóloga
Silvia Peixoto (Museu Nacional - UFRJ) realiza pesquisa de doutorado sobre a ocupação histórica de
Jacarepaguá e está escavando a região que corresponde ao Engenho de Camorim. Para
saber mais sobre o projeto, indicamos o vídeo: Arqueologia em EscavAção #1.
A ACUQCA desenvolve o
Projeto Sankofa em parceria com o Instituto
Rio e o Instituto PHI que oferece
oficinas de jongo, coco de roda, samba de roda e capoeira aberta a população em
geral. Com a ONG Argilando e o Instituto Estadual do Ambiente
(INEA), promovem o reflorestamento no açude do Camorim.
Agora, se você quer fazer uma trilha no Parque Estadual da Pedra Branca e aprender mais sobre a história dos quilombolas do Camorim, é só agendar com o Adilson uma visita. Em janeiro desse ano eu fiz, garanto que vale muito a pena conhecer a capela de São Gonçalo do Amarante, a casa do alemão, o açude e a cachoeira maravilhosa!
Agora, se você quer fazer uma trilha no Parque Estadual da Pedra Branca e aprender mais sobre a história dos quilombolas do Camorim, é só agendar com o Adilson uma visita. Em janeiro desse ano eu fiz, garanto que vale muito a pena conhecer a capela de São Gonçalo do Amarante, a casa do alemão, o açude e a cachoeira maravilhosa!
Foto: Daniela Yabeta - 07 de janeiro de 2017
Contato ACUQCA: Adilson
Almeida – e-mail: acucacamorim@gmail.com
– Endereço: Estrada do Camorim, 925. Telefone: (21) 98320-2634. Facebook: ACUCA CAMORIM
Daniela Yabeta
Historiadora/ Pós-Doc em História (UFF-FAPERJ)
Editora da Revista do Observatório Quilombola
Organizadora do Atlas Quilombola