domingo, 4 de março de 2018

Revisitando o Informativo Territórios Negros: Quilombo de Cacau e Ovos (PA)

O informativo Territórios Negros foi publicado por KOINONIA de 2001 até 2012. Seu objetivo era "divulgar notícias sobre comunidades remanescentes de quilombos de todo o Brasil, reunindo matérias publicadas no portal Observatório Quilombola e informações enviadas por quilombolas e pesquisadores". A ideia era "contribuir para o fortalecimento da rede de informações entre as comunidades, favorecendo a luta pela identificação e reconhecimento oficial desses territórios". 


Além das notícias, o informativo Territórios Negros também trazia duas colunas bem interessantes: "Um pouco de história" e "Um território". Essas colunas tinham a missão de contar um pouco sobre a história da África e dos africanos no Brasil e apresentar um território quilombola. 

Aqui no blog, pensamos em divulgar novamente esses textos e disponibilizar o link para que visitem os mesmos no respectivo verbete da comunidade quilombola constante no Atlas Quilombola. Ao divulgar o Atlas, gostaríamos também de buscar novos parceiros para completar as informações das comunidades quilombolas espalhadas por todo Brasil. Se você pesquisa uma comunidade e topa escrever o verbete sobre a mesma, entre em contato com a gente! Queremos muito divulgar novos trabalhos! 

Segue o texto sobre as comunidades de Cacau e Ovos, localizados no município de Colares, estado do Pará. As comunidades foram certificadas em 19 de setembro de 2002 e ainda hoje buscam a titulação de seus respectivos territórios: 




Desde 1928 essas terras vêm sendo negociadas sucessivamente e as famílias dessas localidades vêem surgir novos donos sem ter nunca a certeza da natureza e legalidade das transações ocorridas. As duas mais recentes transferências de propriedade ocorreram em 1970 e 1981, para dois empresários. A negociação de 1970 foi feita por um migrante paulista do ramo de extração e beneficiamento do palmito de açaí. Seu objetivo era expandir os empreendimentos palmiteiros para a região. Sua atuação estava vinculada ao processo de integração econômica da Amazônia e ao aumento das exportações, recebendo, assim, incentivo fiscal da Sudam. Em 1981, uma nova negociação foi feita pela firma Empreendimentos Agroindustriais do Pará SA (Empasa), que declarou a posse de uma propriedade de 14.446 hectares. Posteriormente, esse cadastro foi questionado junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).



Em 2017, a Editora Itacaíunas, publicou o livro "Impactos Socioambientais em Território Quilombola: o caso da Vila do Cacau, Colares - PA" de Larissa dos Santos Cardoso, Rafaela do Nascimento de Souza e Viviane Corrêa Santos. 

As ruínas do Engenho do Barão do Guajára, construída pelos antigos escravizados do atual quilombo do Cacau, foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) à pedido da Associação dos Amigos da Ilha do Colares (AAICO). 



Daniela Yabeta



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