quarta-feira, 22 de agosto de 2018

É tempo de retornar!

Em agosto de 2016, eu e Ana Gualberto (minha parceira de trabalho há mais de uma década) começamos com nossos textos no “Caderno de Campo”. Desde abril desse ano, estávamos sem publicar, mas durante esse tempo, muita coisa foi feita. Não pensem que ficamos de "pernas pro ar"! Ana esta finalizando a dissertação e eu em fase de adaptação com a nova morada. 

Pensando no nosso retorno, escolhi relatar as atividades que eu realizei no último mês - julho: 1) entrevista com Sandro Silva do quilombo Cafundá Astrogilda; 2) texto sobe o quilombo Pedra do Sal para a Revista Ciência Hoje; 3) participação no Encontro Internacional e XVIII Encontro de História da Associação Nacional de História Seção Rio de Janeiro (Anpuh-Rio).

Começarei pela entrevista realizada no dia 22 de julho com Sandro da Silva Santos, quilombola da comunidade Cafundá Astrogilda, localizada em Vargem Grande, zone oeste do município do Rio de Janeiro. O quilombo foi certificado pela Fundação Cultural Palmares em 2014 e desde 2016 luta pela titulação de seu território no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). A entrevista faz parte do projeto “Territórios Quilombolas”, vinculado ao Laboratório de História Oral e Imagem do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (LABHOI-UFF) e contou com a colaboração da historiadora Raquel Terto (mestrada em Comunicação/UFF) e de Bruna Lamengo, graduanda em História (UFF). Sandro nos contou sobre a escola quilombola criada e administrada pela própria comunidade e sobre o projeto “Ação Griot”, uma aula de campo que é realizada durante a visitação de estudantes (ou demais interessados) ao quilombo, que tem como objetivo a interação e troca de saberes. Para quem quiser conhecer o quilombo, deixo aqui o link da página da comunidade no Facebook: CafundáAstrogilda.

Sandro, eu, Raquel e Bruna

Outra atividade bem bacana que realizei durante o recesso, foi escrever novamente um texto para a Revista Ciência Hoje, que acabou de voltar depois de ficar um ano fora de circulação. O convite, prontamente aceito, foi feito pela professora Mônica Lima (História – UFRJ) – nova editora da área de humanas. Em novembro de 2013, tive a oportunidade de escrever, ao lado do professor Flávio dos Santos Gomes (História – UFRJ) o texto “Na escola quilombola” referente a comunidade de Caveira, localizada no município de São Pedro da Aldeia (Rio de Janeiro). Agora, pude contribuir com um texto sobre o quilombo da Pedra do Sal. Muito obrigada pelo convite, Mônica! Em breve já estará circulando. 

Para finalizar, entre os dias 23-27 de julho, participei do EncontroInternacional e XVIII Encontro da Anpuh-RJ. No dia 25, apresentei – no Simpósio Temático “Indígenas, camponeses e quilombolas: caminhos para os (des)encontros com novas e outras narrativas”, coordenado pelo professor George Leonardo Seabra Coelho (UFT), parte da minha pesquisa intitulada: “Por uma história das ruínas: levantamento de fontes sobre a região do Sahy nos periódicos da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional – Mangaratiba/ XIX-XXI)". Durante mais de uma década, observei Mangaratiba a partir do local no qual pesquisava: a Ilha da Marambaia. Por mais que a história da família Breves e do tráfico ilegal de africanos escravizados ultrapassasse essa fronteira, eu decidi não desbravar o continente. Meu interesse eram os quilombolas. Até que, em 2015, no decorrer de minhas atividades de campo no projeto “Passados Presentes”, eu tive a oportunidade de conhecer a praia do Sahy, localizada exatamente ao lado oposto da praia da Armação na Ilha da Marambaia. No Sahy existe um complexo de ruínas com cerca de 40 mil metros quadrados à beira mar. Pesquisas realizadas pela arqueóloga e historiadora Camilla Agostini, apontaram indícios de um cais, um cemitério e provavelmente um pequeno canal em seu interior. Como bem destacam Hebe Mattos e Martha Abreu: “Para olhos leigos, as ruínas passam a impressão de uma pequena vila fortificada, bem perto do mar”. A partir daí, passei a compartilhar o movimento pela “busca” de uma “história do Sahy”, decidi incluir nas minhas pesquisas sobre remanescentes de quilombo, a elaboração de um banco de dados com todas notícias sobre a localidade encontradas nos periódicos da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Até agora, mais de cento e vinte periódicos foram consultados. Através dessa pesquisa, encontramos discussões que vão do desembarque de africanos escravizados no século XIX, até a criação de um Parque Arqueológico no século XXI.

Bem, essas foram minhas últimas atividades. 

Agora, aguardo ansiosamente o texto da Ana sobre o Encontro Estadual das Comunidades Quilombolas do Rio de Janeiro, que ocorreu entre os dias 10-12 de agosto na comunidade de Machadinha, localizada no município de Quissamã. Já deixo aqui a foto dela riscando o chão e mandando brasa!

Ivone Bernardo, Ronaldo Santos e Ana Gualberto





Daniela Yabeta

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